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As mulheres trans na política brasileira


O espaço nunca foi dado, e sim conquistado. Tal desigualdade faz parte de um panorama social presente há décadas no Brasil.


Erika Hilton (Foto: Reprodução)



O Brasil é considerado o país que mais mata LGBTs no mundo. Hoje, a expectativa de vida de uma pessoa trans é de 35 anos. Esse número leva em conta a quantidade de assassinatos a cada ano, sendo que uma pessoa trans é morta no Brasil a cada 48 horas. A luta das mulheres trans é diária e sofrida, havendo muitas barreiras.


Por isso a necessidade de representar o gênero em cargos políticos, que antes eram negados a esse grupo. Com isso, há a emergência da entrada de pessoas trans na política brasileira. Essa população marginalizada tem como pauta os direitos básicos, como: educação; saúde; empregabilidade; acolhimento; representatividade; fim do genocídio da população trans; defesa do meio ambiente e dos animais. Mas o seu maior posicionamento e motivação é pelo direito de viver. Em contrário do que muitos pensam, a luta dessas pessoas não é pelo bem-estar exclusivo desse grupo, mas sim da população brasileira no todo. É uma luta para a emancipação coletiva.


Os corpos trans são silenciados, excluídos, apagados e mortos há muito tempo, não só na esfera pública, mas também em um contexto geral. Isso se apresenta de forma concreta ao observarmos a história do Senado, que antes nunca tinha dado uma oportunidade para esse grupo. O Brasil possui um leque de diversidades, mas não possui nenhuma representatividade na esfera pública.


A imagem principal que a população tem das pessoas trans é ligada a prostituição, resultando em um grande preconceito. Essa ligação se dá por conta da falta de oportunidade de empregos à essas pessoas. Assim, forçando-as a se prostituir, já que precisam de dinheiro para adquirir os seus insumos básicos. Tal preconceito acaba implicando no acesso desse grupo em lugares privilegiados, como a política.


Todas as adversidades trazem muitas consequências para que essas candidatas possam fazer a sua atuação no poder político e até mesmo na sua segurança pessoal, na qual muitas sofrem ataques violentos, ocasionando até mortes. Mesmo assim, a visibilidade do movimento trans nos últimos anos vem causando mudanças positivas, mesmo que seja um processo lento.


Como concretização de uma dessas mudanças, temos os nomes de Erika Hilton (SP), Linda Brasil (SE), Duda Salabert (MG), Anabella Pavão (SP), Benny Briolly (RJ), Carolina Iara (SP) e Paulette Blue (MG), que são mulheres que conquistaram o seu espaço na política brasileira nas eleições de 2020.


As representatividades são essenciais na dimensão de política, social e cultural. O corpo como um tema de debate social se dirige a inclusão de corpos negros, homossexuais, trans. Antes de tudo a sociedade precisa aprender a conviver e dividir espaços com mulheres trans, assim, valorizando a diversidade.


Contudo, a inexistência de candidatas trans na história da política brasileira se dá por conta de o Estado, junto a sociedade, não ter dado espaço, oportunidade e reconhecimento para isso, embora elas sempre existiram. Não houve uma ausência, mas sim uma exclusão. Portanto, o espaço nunca foi dado, e sim conquistado. A política é o espelho da sociedade, com isso, conclui-se que ainda são muito machistas, classicistas, misóginos e transfóbicos.




MELYSSA MARÇULO (Estudante de Comunicação e Redatora)

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